domingo, 9 de novembro de 2008

Nova Odivelas - 17 de Outubro de 2008


Alunos fecham EB 2,3 António Gedeão a cadeado
(clique na imagem para ver em tamanho maior)
http://www.novaodivelas.pt/pdf/271.pdf
http://www.novaodivelas.pt/index.php/sociedade/47-sociedade/103-alunos-fecham-eb-23-antonio-gedeao-a-cadeado


A Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos António Gedeão, nas Colinas do Cruzeiro, foi, na manhã da passada Sextafeira, fechada a cadeado por parte de um grande grupo de alunos que reivindicava por mais funcionários e melhores condições de higiene no estabelecimento escolar.

Segundo o relato de pais e estudantes presentes no local, ainda não eram 08h00, quando os alunos se começaram a aglomerar junto ao portão da escola, encerrando o mesmo a cadeado e impedindo o normal funcionamento das aulas. A acção, totalmente engendrada pelos jovens estudantes, apanhou de surpresa a maioria dos pais, funcionários e professores da escola.

O protesto deveu-se principalmente à falta de funcionários, que terá afectado o funcionamento da escola e que, segundo os alunos, tem levado à falta de limpeza de vários espaços no recinto escolar, o que alegadamente tem tido como consequência a existência de lixo, mau cheiro e animais indesejáveis (osgas, ratos, baratas) em diversos locais.

As queixas dos alunos alargaram-se ainda às refeições servidas no refeitório, que não agradam à maioria dos utentes, à água fria para tomar banho nos balneários, após as aulas de educação física, à falta de cacifos para guardar o material escolar, como acontecia em anos transactos, e ainda às sucessivas falhas de energia que ocorrem na EB 2,3 António Gedeão e prejudicam o decorrer das aulas.

No local estiveram vários elementos da PSP, que foi reforçando o seu contingente consoante o aumento do número de alunos nas imediações da escola, tendo inclusivamente estado presente uma carrinha da Secção de Intervenção da Divisão de Loures. Os agentes da autoridade reabriram a escola, permitindo a entrada de todos quantos o pretenderam.

O Vereador municipal Ilídio Ferreira também marcou presença no local, afirmando ter tomado conhecimento da situação pela rádio e ter ficado surpreendido por uma situação que desconhecia. Ilídio Ferreira ouviu e registou as queixas dos estudantes, destacando e elogiando a acção dos alunos, apontando responsabilidades ao Ministério da Educação e pedindo mais intervenção e envolvimento por parte dos pais.

Ao mesmo tempo que os jovens em protesto se faziam ouvir no exterior, no edifício da escola decorreu uma reunião com representantes do Conselho Executivo, pais e alunos, com o objectivo de esclarecer as reivindicações estudantis.

Perto das 12h00, Ana Raquel, representante dos alunos, anunciou que na reunião foi decidida a constituição de «Um grupo para melhorar a escola», com forte participação dos estudantes em conjunto com os pais e Conselho Executivo, e revelou que as conclusões do encontro apontaram o Ministério da Educação como o responsável pela falta de funcionários.

«Nós fizemos isto não por culpa da escola mas, sim, para a televisão vir e o Ministério ver o que se estava a passar na escola. Nenhuma escola está em condições de dar aulas assim», disse ainda a estudante, que salientou o apoio demonstrado por parte do Conselho Executivo.

A aluna, que anunciou ainda o regresso ao normal funcionamento das aulas e da cantina, queixou-se de, no início da manifestação, ter sido agredida por um polícia em defesa de uma colega, mostrando ter o pulso inchado: «Eles iam bater numa miúda e eu meti-me à frente. Não vi a cara dele sequer».

Pouco depois, o Presidente da Associação de Pais da EB 2,3 António Gedeão, Alberto Barreiro, afirmou que a falta de auxiliares educativos que gerou o protesto se deve à «Nova legislação do Ministério da Educação que saiu em Setembro e que obriga a que as escolas fiquem com menos funcionários», neste caso 12 para 640 alunos, referindo ainda que a situação se agravou por cinco destes funcionários se encontrarem de baixa, «Um dos quais há três anos», e não terem sido substituídos.

O representante dos pais apelou à análise da situação por parte do Ministério da Educação e falou também da decisão de se criar na escola «Um grupo de trabalho para se poderem resolver todas as questões como esta e tomar as decisões necessárias » para que uma situação idêntica não volte a acontecer no futuro.

Alberto Barreiro negou ainda a acusação de que tenham havido alunos a fazer a limpeza da escola no lugar dos funcionários e recusou as queixas da existência de animais indesejáveis no interior da escola, garantindo que poderiam apenas existir alguns «Papeis há três dias» no chão do recinto escolar, em consequência da falta de trabalhadores.

PCP solidário com os alunos da EB 2,3 António Gedeão

Na sequência dos acontecimentos na EB 2,3 António Gedeão, a Direcção Concelhia de Odivelas do Partido Comunista Português emitiu um comunicada intitulado “Alunos de tenra idade dão lição de civismo!”, onde é referido que a falta de pessoal nesta escola «É o espelho do que se passa nas escolas do Concelho de Odivelas».

Os comunistas pretendem, desta forma, manifestar a sua solidariedade para com «Os jovens e as crianças que, apesar da sua tenra idade, não tiveram outra solução que não fosse a luta para verem ouvidas as suas vozes contra as deploráveis condições da sua escola». O documento apresenta ainda as várias queixas dos estudantes e destaca o agravamento da situação: «A limpeza de uma escola com 800 alunos ficou em cima dos ombros de 4 trabalhadoras que, obviamente, não podem suprir todas as necessidades de limpeza, vigilância e apoio aos alunos, sendo os alunos mais velhos quem apoia os mais novos quando algum problema ou indisposição ocorre».

«Os direitos das crianças existem para serem cumpridos no país de Abril mas, ao contrário o que aconteceu foi a intervenção policial que intimidou os alunos e pela força os obrigou a sair da frente da porta onde em protesto exigiam os seus direitos », acusa o comunicado do PCP Odivelense, que deixa ainda um apelo aos alunos para que «Não cruzem os braços e defendam os seus direitos» e para os pais, professores e pessoal não docente «Para que estejam com as crianças, exigindo ao seu lado uma escola pública e de qualidade».

«Esta situação é claramente o resultado da política de direita deste governo do PS Sócrates/Maria de Lurdes Rodrigues», aponta o texto da Direcção Concelhia de Odivelas do PCP, responsabilizando o Ministério da Educação por «Esta situação que prejudica alunos, pais, professores e pessoal não docente e exige a rápida reposição dos profissionais em falta bem como as medidas necessárias ao bom funcionamento e segurança da escola».

Presidente da Câmara a par da situação

A Presidente da Câmara Municipal de Odivelas, Susana Amador, garantiu estar a par da situação da EB 2,3 António Gedeão e disse estar «Sempre solidária com a família e com os jovens sempre que estejam a pugnar pela defesa dos seus direitos».

«Obviamente que a segurança e o acompanhamento das crianças na escola é fundamental. Tenho vindo a alertar a DREL para os rácios que temos nas escolas 2,3», sublinhou a Edil Odivelense, lembrando que houve muita prudência na negociação do pacote de transferência de competências das escolas para a autarquia: «Porque já sabíamos que havia estes problemas quer de infra-estruturas quer de recursos humanos».

Relativamente a este caso, Susana Amador esclareceu que a CMO, apesar de não ter a responsabilidade de gestão do estabelecimento escolar, está a tentar apurar ao certo o número de funcionários existentes actualmente na escola e «Tem a preocupação de ir acompanhando » o funcionamento da mesma.

«Todos os professores já vinham a reclamar essa insuficiência de recursos humanos. Torna-se humanamente impossível os auxiliares terem uma carteira de alunos tão grande, depois há obviamente todos os dias problemas de insegurança na escola, crianças que se magoam, desacatos, etc.», referiu a autarca socialista, assegurando tratar-se de uma «Questão fundamental », que a CMO deseja ver resolvida. «Já falamos com a DREL. Esperamos que esse reforço possa existir, até porque esta transferência de competências vai permitir à DREL alocar recursos humanos, ou seja, há em outras escolas excesso, porque houve diminuição de crianças. O que tem que acontecer é haver

mobilidade de recursos humanos», defendeu Susana Amador, realçando o facto de a CMO, de momento, não poder fazer mais do que entrar em contacto com a DREL e expressar o seu desejo de que o pessoal da escola seja reforçado.

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